9h50m, o meu desafio começa!!!
As pernas e a mente estão muito bem e os 43kms que tenho pela frente serão um teste ao meu corpo e aos meus limites!!!
Vou num ritmo tranquilo, tentando perceber o que os primeiros 14km me oferecem e como reage o meu corpo. Primeiro abastecimento atingido e tudo está bem! Sigo confiante… Os próximos kms serão desicivos para o desfecho final desta aventura!
As tão aclamadas aldeias de xisto estão ali e só as passadas dos atletas invadem aquela beleza rara e o seu silêncio matinal. Começo a subir em direção à central hidroeléctrica. O trajecto é feito a andar, as pernas estão bem e a minha confiança aumenta. Surgem as levadas, num trilho onde a atenção tem de ser máxima, pois uma queda acabaria com a minha prova… Chegado a Cerdeira, local do segundo abastecimento, e já com 24km percorridos, decidi aumentar o meu ritmo e daí até ao final segui sempre sozinho. A subida era longa e o nevoeiro intenso, de tal forma que não se conseguia ver as gigantes eólicas, que estavam mesmo ali ao meu lado.
Finda a subida, que me desgastou imenso, lá continuei, sempre acompanhado pelos meus pensamentos. O trilho é muito técnico, com descidas muito acentuadas e perigosas, mas ao qual eu respondi com muita calma e responsabilidade, pois passada esta etapa sabia que o fim estava mais perto!
Saio do último abastecimento com um sorriso na cara e encaro os cerca de 10km finais com a certeza de que este desafio iria ser superado! Passada larga, a um bom ritmo, lá vou alcançando alguns dos atletas da caminhada que me dirigem palavras de incentivo! Por entre alcatrão e campos, a meta estava mesmo ali, curva à direita e lá estava ela ao fundo, com o pórtico a dizer UTAX. Entre aplausos e incentivos dou por terminado mais este desafio com uma pergunta na minha cabeça: no próximo ano serão 109kms?
“When all else fails, start running”, Dean Karnazes