Há pouco mais de uma semana, no dia Domingo, 12 de Setembro, o nosso atleta João Moita desafiou-se em mais um IRONMAN, desta vez em Vitória-Gasteiz (País Basco – Espanha).
Infelizmente o final não foi o pretendido, mas nada melhor do que ler o relato do João sobre este sonho adiado. Por vezes as coisas não acontecem da forma esperada, mas são estes momentos que nos tornam mais fortes e nos dão ainda mais força para continuar a lutar pelos nossos sonhos.
“No passado dia 12 de Setembro foi dia de Ironman Vitória-Gasteiz. Dia de colocar em prática tudo o que foi investido desde o dia que a inscrição foi feita. Inicialmente, esta prova esteve agendada para 11 de Julho de 2020, passou para Julho de 2021, depois para 5 de Setembro acabando por ser no dia 12 de Setembro de 2021. Existiram estas alterações devido às restrições que a pandemia covid-19 assim obrigou. Não é a data ideal para um nadador-salvador, visto que é no final do Verão mas foi o que teve de ser.
Sendo um Ironman com dois parques de transição, obrigou a uma logística mais complicada no dia anterior e no dia de prova. Assim sendo 4h00 foi hora de acordar, tomar banho e vestir para ir ao pequeno-almoço marcado para as 5h00. Tudo correu na perfeição e como tinha tudo pronto já desde o dia anterior, nada falhou e às 05h30 estava a entrar no autocarro que me transportou para Landa, local onde a prova iria começar e onde se encontrava o PT1.
Cada triatleta naquele autocarro estava no seu mundo de pensamentos, ainda de noite chegamos ao PT1 e começamos a preparar tudo para a realização do sonho.
Revendo todos os pormenores mais do que duas vezes, nada ia falhar. Como cheguei cedo, deu para fazer tudo com calma e depois esperar pela hora de início – 8h20. cerca das 7h50 visto o fato isotérmico e inicio o aquecimento. O speaker anuncia que as condições estavam cada vez melhor e a prova ia começar à hora programada, porém às 8h15 o speaker anuncia o que todos estávamos a ver, o nevoeiro a pousar sobre o lago e a visibilidade não permitia garantir as condições de segurança aos triatletas. Comunicaram que teríamos que esperar até às 9h30. Foi um senta – levanta – senta – deita – alonga – levanta constante, entre um tira fato e veste fato, sentir o suor a cair e a fome a começar a dar sinais.
Chegou a pior noticia para um triatleta, cancelaram a natação e de 10 em 10 segundos 2 triatletas começavam o Ironman pelo segmento de ciclismo. os primeiros a começar fizeram-no às 9h50 e eu 10h30 lá comecei a minha prova. Soube posteriormente que houve atletas que começaram perto das 12h00.
Ao iniciar o meu trajeto, tudo estava diferente do que tinha vivido nas provas desta distância que fiz anteriormente. Coloquei o meu ritmo ao apontar para uma média de velocidade entre 33km/h a 34,5km/h e mesmo com aquele nevoeiro denso eu disfrutei das constantes subidas e descidas e de toda a paisagem do trajeto. O percurso foi dividido em duas voltas de 74km e uma terceira volta de 32km.
No meio da diversão de pedalar a distância que tanto ambiciono fazer, a dor no psoas-ilíaco volta a aparecer provocando inchaço na zona pélvica limitando o movimento de pedalada. No final da primeira volta da primeira passagem pela PT2 (60km) ainda estava bem, daí até ao km 180 foi a maior tortura que impus ao meu corpo. Na cabeça uma confusão de emoções, sempre na esperança que a dor fosse embora. O apoio dos amigos, dos conhecidos, dos companheiros de treino, dos companheiros de equipa da Associação Beat Your Limit!, dos “meus” triatletas que tanto apoio me deram e confiança que depositaram em mim. Na segunda passagem no PT2 ainda parei para falar com a minha esposa e recusei-me a abandonar partindo para a terceira volta (não sei bem porquê). Quando conclui o ciclismo,somente o facto de estar em pé provocou dor, não podia continuar. Perguntei à Cristina o que fazer, mas já sabia a resposta e ela só o confirmou. Triste e desiludido, quis rapidamente sair da zona da prova. Fui até ao hotel recompor-me e alimentar-me, saber que tinha que voltar ao PT para levantar a bicicleta e o meu material foi uma sucessão de murros no estômago. Orgulho ferido, sensação de objetivo não cumprido, não querer falar nem olhar para ninguém.
O meu Ironman Vitoria-Gasteiz 2021 foi assim, um episódio sem final feliz, mas acredito que nas derrotas é que nos revelamos, logo acredito que numa próxima vou dar melhor resposta e se tal não acontecer vou tentar de novo. Até lá vou continuar a planear, treinar e fazer de tudo para evoluir como triatleta nesta distância.
Um obrigado não chega para agradecer todo o apoio que recebi antes, durante e após esta prova. um orgulho pertencer a esta Associação. Sem dúvida, #fazadiferença“
A Associação Beat Your Limit! reforça todo o orgulho que tem no João e em tudo que ele já conquistou até à data. Além de uma enorme fonte de inspiração é um grande dinamizador da filosofia Beat Your Limit!
Boa recuperação, João! Voltarás ainda mais forte.